A Lenda de Candyman é um filme interessante, que traz diferentes leituras quando se compara o original de 1992 à sequÊncia direta lançada em 2021
Por Maricota
“O que significa quando o gênero viola as convenções ao localizar a violência na cidade, onde é mais esperads, e, além disso, brinca abertamente com as ansiedades culturais ao marcar o monstro como um Outro racial?”.
Esse trecho é destaque da parte dedicada a Candyman no livro Horror Noire – A Representação Negra no Cinema de Terror, escrito por Robin R. Means Coleman.
Hollywood vai ficar apra sempre marcada por abusar e esteriotipar a figura do homem negro, o inserindo como um monstro vilanesco que ameaça a sociedade.
O Mistério de Candyman, lançado em 1992 pelo diretor Bernard Rose, adaptado de uma história de Clive Barker, originalmente não escolheu a sua figura central como de um homem negro.
Daniel Robitaille, contrário ao seu pai então mantido sob regime de escravidão, conseguiu ter sucessono ramo de calçados, mas ao se apaixonar pela filha de um homem branco, ele teve seu destino selado de maneira brutal.
Bezuntado com mel e atacado ferozmente por abelhas, Robitaille teve seu corpo queimado e as suas cinzas foram espalhadas no terreno que hoje é chamado de Cabrini-Green, um conjunto habitacional dominado por gangues e a invisibilidade fadada ao gueto.
Candyman ganhou em 2021 uma continuação direta do filme de 1992 (vale ressaltar que a produção ignorou as duas outras sequências feitas nos anos 1990) e com ela consegui contar a história que deveria ter sido contada.
Como protagonista do filme de 1992, uma mulher branca é grande o destaque, inclusive ela ganha o status de monstruosa heroína ao final, enquanto Candyman desaparece novamente nas chamas, assim como o racismo sob o qual ele havia sido criado.
Anos depois, nas mãos da diretora Nia DaCosta e com produção de Jordan Peele, A Lenda de Candyman finalmente se apodera do protagonismo de sua narrativa. Expurgando com o gancho toda a branquitude, os esteriotipos e principalmente, a busca por ser amado versus a sede por reparação, abordados de maneiras completamente opostas em cada um dos dois filmes.
Candyman pode ter começado com Robitaille, mas existiram diversos outros. A sua conexão com Anthony, o novo protagonista, mostra que aqui o ciclo do homem negro é o vislumbre de seu reflexo no espelho e o cântico repetitivo que o convoca.
