3% é a primeira série original brasileira da Netflix e que orgulho deu quando aquele primeiro trailer saiu. Por isso mesmo, agora que chegamos ao final dessa produção, precisamos enaltecer o potencial do nosso audiovisual
Por Willians Glauber
Foram 4 temporadas de pura evolução! O orçamento contido do primeiro ano de 3% deu lugar a investimentos maiores a cada nova leva de episódios.
Um aumento proporcional ao potencial que a série atingiu desde os primeiros episódios lá em 2016, quando o seriado atingiu o marco de produção estrangeira mais vista nos EUA, maior mercado atualmente da Netflix.
Desde lá foram aprendizados, melhoramentos e o aperfeiçoamento da arte brasileira de contar histórias. A trama de 3%
UM ROTEIRO ORIGINAL E FECHADINHO, EMBORA COM ALGUMAS FALHAS
As más línguas falavam, antes mesmo da estreia, que a série seria uma imitação barata de Jogos Vorazes, quando na verdade 3% se mostrou um exercício bastante original do que seria um sistema de seleção baseado no discurso meritocrático nos dias de hoje.
O que ajudou a universalizar a série, tornando-a não só uma trama capaz de gerar empatia no Brasil como em centenas de outros países.
Além da crítica social embutida ao longo da história de 3%, os roteiristas trazem à tona também arcos de personagens bastante interessantes, com as devidas contextualizações e motivações. Outro artifício usado é o de suspense necessário para deixar o espectador com vontade de “quero mais”.
Apesar de a série acabar com algumas soluções um tanto dissonantes, todos os arcos principais foram muito bem fechados e concluídos de maneiras que agradaram à maioria dos fãs.
A CRÍTICA SOCIAL MAIS DO QUE CONTEMPORÂNEA
3% se colocou na missão de ajudar os espectadores a entenderem as consequências de uma sociedade cada vez mais subdividida entre os que acumulam riqueza e os que acumulam pobreza.
Além, claro, de lançar luz sobre a viabilidade da meritocracia, numa sociedade a cada dia mais injusta, desigual e hierarquizada.
AS ATUAÇÕES
Minha maior reclamação de 3% lá na primeira temporada foi a escolha de alguns atores para o elenco principal que infelizmente não entregavam o que a complexidade e importância dos personagens pediam tanto. E aqui dou nomes: Vaneza Oliveira e Rodolfo Valente, ambos interpretando respectivamente Joana e Rafael.
Apesar de a interpretação dos dois ter melhorado bastante ao longo das quatro temporadas, ambos simbolizavam uma performance um tanto forçada, exagerada demais em momentos de pico dos personagens ou entregando emoção de menos em determinadas cenas.
Mas a qualidade da interpretação deles aumentou a cada temporada e entregou performances muito felizes nas duas últimas temporadas.
E ainda que esse casting de parte dos protagonistas não tenha sido tão feliz, a escolha da protagonista foi felicíssima: Bianca Comparato mantém a barra altíssima quando se trata de interpretação.
A atriz ajudou a Michele a mostrar pra gente lados tão extremos e tão necessários para a evolução da personagem que só são possíveis graças à interpretação da Bianca. Ela leva a série nas costas, ainda que apareça pouquíssimo na quarta e última temporada.
Ficou claro que essa percepção também era da Netflix, quando já na segunda temporada de 3% a produtora por trás da série, a Boutique Filmes, resolveu mudar a empresa responsável pelo elenco. E ali deu para sentir o impacto que ótimas atuações têm no roteiro, elevando a qualidade de um texto que já era bastante
As adições de Cynthia Senek, Bruno Fagundes, Laila Garin, Thais Lago, Fernanda Vasconcellos, Maria Flor, Silvio Guindane e Amanda Magalhães definitivamente elevaram demais a qualidade de interpretação e de performance do elenco da série como um todo.
O TRABALHO IMPECÁVEL DE FIGURINO E CENOGRAFIA
A preocupação que figurinistas e cenógrafos tiveram de inserir brasilidade no trabalho foi muito gratificante. Ainda que eles consigam inserir características atemporais e sem qualquer associação a lugares que existem, o toque brasileiro está ali.
Principalmente nas duas últimas temporadas, com trabalhos de macramê, crochê e tricô, tão parte da nossa cultura, empregados nos figurinos dos moradores da Concha.
Além disso, as soluções simples e inteligentes para compor cenários, adereços de cena e as diferenciações gritantes entre espaço e roupas/acessórios dos personagens moradores de Continente, Concha e Mar Alto são invejáveis.
Os elementos e as características geométricos utilizados nas roupas dos moradores do Mar Alto viraram marcas registradas deles e os tipos de tecidos usados nas roupas, bem como os cortes, deram ao núcleo singularidades visuais que tornam a experiência de assistir muito mais agradável.
O senso de futurismo, empregado tanto no figurino quanto na cenografia, vai se mostrando sutil, mas impactante na construção da atmosfera da história.
Ao longo das temporadas, esses dois departamentos vão se desafiando cada vez mais e conseguem entregar resultados criativos e muito importantes para não só manter a ambiência como também expandir o universo da série.
UM LEGADO QUE VAI MARCAR O AUDIOVISUAL BRASILEIRO
Orgulho. Essa é a palavra que define a trajetória dessa série tão bem desenhada, escrita, dirigida e conduzida por toda a equipe responsável por dar vida a 3%.
Nem os criadores, nem mesmo a própria Netflix, imaginariam que o seriado fosse se tornar um verdadeiro legado do audiovisual brasileiro e a porta de entrada para que produções nacionais ganhasse um fandom brasileiro tão dedicado e defensor da nossa qualidade.
Definitivamente, as produções originais brasileiras da Netflix que vieram e ainda virão depois de 3% usam a série como exemplo de como conduzir uma história com qualidade narrativa, artística e técnica.
ASSISTA AO VÍDEO ESPECIAL FEITO PELA NETFLIX SOBRE O LEGADO DE 3%
3%, série original Netflix
Criada por Pedro Aguilera
Diretores:
Jotagá Crema, Daina Giannecchini, Dani Libardi, Philippe Barcinski, César Charlone
Roteiristas:
Pedro Aguilera, Ivan Nakamura, Denis Nielsen, Teodoro Poppovic, Guilherme Freitas, Juliana Rojas, André Sirangelo, Carol Rodrigues, Jotagá Crema, Cássio Koshikumo, Andrea Midori, Marcelo Montenegro, Natalia Maeda.
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