Aftersun traz para o holofote um recorte sensível e intimista da relação entre a menina Sophie e seu pai Calum durante férias transformadoras
Por Maricota*
Aftersun, aclamado pela crítica e pelo público, é um filme independente da diretora e roteirista escocesa Charlotte Wells, o longa levou para casa nada menos do que 80 prêmios.
Pessoal e conectável ao mesmo tempo, Charllote nos transporta para essa tocante e honesta homenagem à sua própria relação com o seu pai.
Paul Mescal, que escreveu seu nome após sua belíssima entrega como Connell em Normal People (Lionsgate+) e inclusive foi indicado ao Oscar justamente por seu papel em Aftersun, vive Calum, um jovem pai que leva a sua filha Sophie (Frankie Corio) para passar férias em um resort na Turquia. Ele é separado da mãe de Sophie.
A dupla embarca em uma jornada repleta de muita troca, brincadeiras e momentos sentimentais que definirão para sempre o curso das suas vidas.
Acompanhado de uma filmadora portátil, pai e filha registram as idas a piscina, os mergulhos no mar e o mais importante: as suas conversas, que são as responsáveis por ditar o tom do filme do começo ao fim.
Algumas delas são revisitadas, trazendo um misto de nostalgia e saudade de um momento que ainda não acabou, mas que está fadado a chegar ao fim.
Frankie, atriz estreante, entrega uma performance gigantesca, principalmente nos momentos em que palavras não precisam ser ditas. Mescal, familiar com personagens intensas e melancólicas, abraça a responsabilidade, contribuindo para que o laço criado com sua co-protagonista seja sentido a todo instante.
“Acho bom que compartilhemos o mesmo céu.”
Acreditamos que conhecemos os nossos pais, porém, existem tantas facetas e camadas não exploradas que por vezes os reconhecemos apenas bem depois, quando a maturidade nos alcança.
Mesclando o passado e o presente de uma forma sútil e que ajuda a costurar a história de um jeito tocante, por meio das imagens captadas, Sophie reflete sobre todo o carinho e amor que sente por seu pai, uma figura marcada por seus próprios fantasmas, mas que sempre tentou fazer com que ela se sentisse parte do mundo dele.
Aftersun traz em seus minutos finais uma das sequências mais belas e profundas vistas em muito tempo no cinema, que sem dúvida alguma me fizeram pensar sobre a minha relação com meu próprio pai.
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