Ao anunciar que a gigante das mídias sociais Meta vai deixar de adotar sistemas de checagem profissional de fake news, Mark Zuckerberg abre um precedente para um caos de ódio e desinformação
Willians Glauber
Surpreendendo um total de zero progressistas, Mark Zuckerberg, presidente executivo da Meta, resolveu dispensar a parceria dos cerca de 40 mil profissionais envolvidos na checagem de informações das plataformas do grupo. Isso no mundo todo, tá?
Não contente, e de forma sorrateira, ele promoveu a retirada de inúmeras políticas que defendiam as minorias, que garantiam direitos mínimos de respeito aos usuários.
A partir de agora, por exemplo, será completamente aceito o discurso de tratar mulheres como objeto ou associar homossexualidade e transexualidade a doenças mentais.
Contudo, tentemos levar essa notícia catastrófica para um lado esperançoso. A Meta é só mais uma empresa. E ao longo da vida, nós aprendemos a viver sem muitas funcionalidades, recursos e, olha só, empresas.
É possível que estejamos diante de uma virada de chave, cultural e socialmente falando. Óbvio que isso não vai acontecer do dia para a noite, no entanto, acredito que teremos mudanças sim.
Alguns argumentos que podem te ajudar a trazer essa notícia para o lado da luz:
- Com políticas cada vez mais discriminatórias e na contramão do progressismo, é bem possível que progressistas saiam da plataforma e encontrem outros recursos para socializar virtualmente;
- Sem uma checagem profissional, quero acreditar que parte significativa das pessoas vai passar a consumir mais análise, interpretação e contextualização jornalísticas. O que possivelmente leve a profissão a um novo patamar;
- Pesquisas, estudos e constatações pessoais mesmo concluem que estamos conectados demais e por isso mesmo com a saúde mental, e até social, toda cagada. Mudanças como essa anunciada podem ser o incentivo para que cada vez mais pessoas saiam das mídias sociais;
- E por fim: temos só mais um homem branco, heterossexual privilegiado nadando a favor da maré não importa o que isso signifique para a sociedade. Então, basta tacar um grande “foda-se”, seguir vivendo e se desconectar o máximo que você puder.
Leia outras análises:
BBC: ‘Mudança radical’: por que fim de checagem de fake news no Facebook e Instagram aproxima Zuckerberg ainda mais de Trump
Poder 360: Checadores nunca censuraram nada, diz ex-parceira da Meta
G1: Meta publica em português nova política que permite associar público LGBTQIA+ a doenças mentais