Marco Polo e The Get Down são exemplos de séries milionárias que não obtiveram o sucesso que a Netflix achou que obteriam. E com esses exemplos a gente vai mostrar os bastidores de flops como esse e o porquê de a gigante dos streamings não se abalar por tais fracassos
Por Willians Glauber
Em terra de plataformas cujo lucro se baseia em conteúdo audiovisual, quem dá audiência ou não às produções é rei!
Os assinantes da Netflix não têm do que reclamar, já que desde 2012, quando começou a produção de obras originais, a plataforma vem dando sinal verdade para dezenas de séries e filmes todos os anos.
Mas, depois de anos apenas operando sinais verdades, eis que havia chegada a hora de colocar o sinal vermelho em ação.
QUE OS CANCELAMENTOS COMECEM!
O ano era 2017, mais precisamente maio, e a Netflix anuncia que a partir dali passaria a cancelar as séries que avaliasse não ter chances de vida muito longa na plataforma de streaming. Desde então foram dezenas delas, muitas morreram já na primeira temporada.
Em entrevista durante uma conferência do setor, Reed Hastings, CEO da Netflix, afirmou que pressiona seu time de conteúdo original para tomarem riscos, para tentarem coisas malucas que nenhum outro canal de TV cogitaria fazer. Tal segurança para algo do tipo, na avaliação dele, existe graças ao alto índice de hits que a gigante dos streamings tem no catálogo.
Àquela época, ele Hastings afirmou que como o índice de canelamento não estava nem perto de ser alto, havia chegado o momento de começar a dizer alguns nãos para certas renovações.
OS ROMBOS MILIONÁRIOS
E duas séries, em específico, servem para que meçamos esse alto nível de tomada de risco que a gigantes dos streamings está disposta a correr: o drama musical The Get Down e a épica Marco Polo.
Vamos detalhar os valores investidos em ambas mais à frente, mas é importante ressaltar que elas podem ser consideradas os maiores flops da Netflix, se prestarmos atenção na relação investimento e buzz/audiência.
As duas produções fazem parte da lista das quatro séries mais ambiciosas e de orçamento multimilionário da Netflix. The Crown (cada episódio custa em média US$ 6,5 milhões e até agora a série abocanhou cerca de US$ 260 milhões do orçamento da plataforma) e Sense8 (cerca de US$ 9 milhões eram investidos em cada episódio) completam o quarteto.
Essas duas últimas, apesar de muito caras, são séries que geraram o burburinho tão apreciado pela gigante dos streamings. Apesar do US$ 1,2 bilhão gasto nesse quarteto, o objetivo final não foi alcançado.
Isso porque o altíssimo investimento tem sim um propósito por trás. Colocar tanto dinheiro nessas produções evidencia o desejo incessante que a Netflix tem de encontrar a sua própria Game of Thrones.
E se lá atrás, quando a locadora digital de DVDs tinha a HBO como parâmetro no que diz respeito a programação original, o abjetivo hoje é ultrapassar o canal a cabo em qualidade, superproduções e presença massiva nas premiações.
Nesse último quesito, em 2020, por exemplo, a plataforma de streaming falhou miseravelmente, visto que a minissérie Watchemn, da Home Box Office, abocanhou a maioria das indicações no Emmy, um total de 26.
CONFIRA AS PRINCIPAIS INDICAÇÕES AQUI!
POR QUE MILHÕES DE DÓLARES PERDIDOS ACABAM NEM IMPORTANDO MUITO?
Ok, agora que já contextualizamos as aspirações e a lógica por trás do investimento bilionário da Netflix em superproduções, é chegado momento de entender porque ela não se abala com o “dinheiro perdido”.
Apesar do flop de The Get Down e de Marco Polo, a série Sense8 trouxe para a Netflix a visibilidade mundial de que ela ela carece e chamou a atenção não só da crítica (só na primeira temporada, porque aquela segunda foi um tanto desastrosa, ainda mais com aquele final), como de uma parcela esmagadora do público.
O fandom fiel criado em torno da produção das irmãs Wachowski foi um retorno mais que esperado pela gigante.
A função de The Crown também foi alcançada: não só a crítica especializada teceu elogios à produção e às performances do elenco, como a série virou a menina dos olhos da Netflix nas principais premiações da Televisão mundial.
Se por um lado houve os dois flops, por outro a balança se equilibrou e deixou a Netflix alguns passos mais próxima de seu pote de outo no final do arco-íris: desbancar a HBO em qualidade e disputa de amor do público.
Visto que a HBO tem fãs devotos de suas produções em todo o mundo.
A LUZ NO FIM DO TUNEL
E ao analisarmos a grana envolvida nessa roleta russa, ainda que muito dinheiro tenha sido perdido, a gigante nem chegou a sentir cócegas, visto que o alto valor de mercado dela está justamente ligado ao longo prazo e na capacidade que ela tem de se manter relevante para os assinantes.
Os investidores da Netflix sabem que o dinheiro colocado ali não será devolvido em 1 ou 5 anos, mas sim em 10, 20 anos, quando o pagamento será centenas de vezes maior do que o valor investido inicialmente.
Se você quiser entender melhor essa lógica de fazer dinheiro da Netflix,
assista ao nosso programa que trata justamente sobre esse assunto:
Confira a lista das produções originais Netflix canceladas, por ordem de cancelamento, até a data de fechamento desta matéria:
Hemlock Grove (lançada em 2013)
Lilyhammer (lançada em 2012)
The Killing (a produção originalmente era do canal a cabo AMC e foi lançada em 2011)
Marco Polo (lançada em 2014)
Longmire (a produção originalmente era do canal a cabo A&E e foi lançada em 2012)
Bloodline (lançada em 2015)
The Get Down (lançada em 2016)
Sense8 (lançada em 2015)
Girlboss (lançada em 2017)
Gypsy (lançada em 2017)
Haters Back Off! (lançada em 2016)
Lady Dynamite (lançada em 2016)
Disjointed (lançada em 2017)
Everything Sucks (lançada em 2018)
Unbreakable Kimmy Schmidt (lançada em 2015)
MARCO POLO (2014 a 2016)
Quando estreou, a série já nascia como a segunda mais cara da Televisão, perdendo o topo do pódio para Game of Thrones.
Filmada na Malásia, a Marco Polo contava com um orçamento que em anda perdia para as superproduções hollywoodianas: ao todo foram US$ 90 milhões investidos nos primeiros 10 episódios, que compuseram a primeira temporada da série.
Em dezembro de 2016, com a segunda leva de episódios, Marco Polo foi cancelada pela Netflix deixando para trás um rastro de US$ 200 milhões pedidos.
Leia-se perda, justamente porque o seriado não conseguiu angariar uma audiência massiva e não recebeu o afago da crítica especializada. Logo na estreia, o seriado angariou pouquíssima atenção dos críticos e o pouco que recebeu não foi muito positiva.
Para se ter noção do que os sites especializados disseram na época, a revista The Hollywood Reporter, uma das de maior prestígio no meio audiovisual do mundo todo, classificou a produção como uma bagunça, repleta de sotaques aleatórios, kung fu e uma trama lenta.
Inicialmente, a produção havia sido encomendada pelo canal a cabo Starz, dos EUA, lá em 2012. Depois de ser comprada pela Netflix, a série até conseguiu uma sobrevida com a segunda temporada mas entrou para a história como a primeira série original da gigante a não conseguir se manter de pé antes de chegar na terceira temporada.
Bastão esse que depois seria passado para Sense8 e aquele final horrendo, xoxo e apressado (não, eu ainda não superei aquele fim bosta).
Na época, Sarandos disse em uma mesa redonda com outros executivos de TV que Marco Polo era sim um sucesso e tinha audiência bastante expressiva tanto na Ásia quanto na Europa.
Mas, claramente, a Netflix está de olho em produções que consigam “hittar” em todo o planeta ou em pelo menos uma quantidade considerável dos 190 países do mundo onde está presente. Vale ressaltar que o planeta conta com 195 países!
THE GET DOWN (2016 a 2017)
Já a série The Get Down nem não só ultrapassou o limite dos gastos da Netflix até então, como foi a primeira produção original a ser cancelada depois de apenas uma temporada.
Dois dos maiores culpados pelos US$ 120 milhões gastos no orçamento foram o alto custo dos direitos autorais das músicas usadas na série e os atrasos na fase de produção.
A Netflix apostou alto no drama musical porque ele trazia consigo o renome de um dos diretores mais aclamados do Cinema: Baz Luhrmann, homem por trás do clássico Moulin Rouge.
Mas, rumores dão conta de que o processo dele nos bastidores era um verdadeiro caos!
A primeira e úncia temporada de The Get Down foi liberada aos assinantes em duas partes, mas ambos lançamentos receberam uma atenção xoxa por parte tanto da mídia especializada quanto da audiência.
Em carta aberta aos fãs, Luhrmann apontou seu comprometimento com a produção de um filme o principal motivo para o cancelamento. Na conclusão desse esclarecimento, o diretor ainda evidencia que seu papel é fazer filmes.
O que, particularmente, achei um tanto despeitado da parte dele, afinal isso pode ser interpretado como uma visão de que a série seria um gênero menor e indigno da atenção do cineasta. Mas, ok, águas passadas e flop superado!
The Get Down foi uma coprodução entre a Sony Pictures Television e a Netflix, no período de desenvolvimetno da série os problemas começaram quando o showrunner Shawn Ryan acabou caindo fora do barco no meio do processo produtivo. O que obrigou Luhrmann a tomar frente do posto.
A princípio, quando a série foi anunciada em fevereiro de 2015 seriam 13 episódios no total, mas a primeira temporada acabou ganhando somente 11, lançados em duas partes: a primeira 5 e a segunda os 6 últimos.
Com informações de The Hollywood Reporter, The Guardian e Variety.
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