As passivas no front e a guerra contra o machismo que impera na nossa comunidade

gays passivas gays passivos

Passivas ativas, versáteis… tem pra todo mundo, porém ainda existe um tabu para certos homens se assumirem como passivos em uma relação (seja ela qual for)

Willians Glauber

Não sei, não entendo, não entra na minha cabeça essa vergonha, esse tabu que alguns caras gays têm de só dizer: SOU PASSIVO. Meu filho, é tua preferência sexual? Então vai! Senta mesmo e seja feliz!

Sempre acreditei muito no fato de que a mesma subcategorização, aquela que o machismo impôs entre os heterossexuais, criada para encaixar as mulheres em um lugar de menor valor foi só importada para a comunidade dos homens gays. A adaptação feita foi apenas a de que sai a mulher e entre a póbi da passiva. Nem pra isso os machos tiveram criatividade, Deus!

Entender o homem passivo como alguém menor, quase nesse lugar de algo descartável, só reflete o quanto evoluímos uma micro fração daquilo que deveríamos ter evoluído enquanto “comunidade”. E quando essa passiva é feminina então, aí a gatinha é jogada no bueiro e pra ela só sobra a margem, porque o palco principal e o holofote vão ficar pra passivona masculinizada.

E a discussão na qual se alia o machismo a esse preconceito contra os passivos tem bastante a ver com a condenação a tudo aquilo que é feminino. Isso por parte da sociedade como um todo. O machismo e a misoginia entre os homens heterossexuais foram a escola na qual se formou a homofobia, cujo filho mais novo, o comportamento homofóbico de alguns homens gays, veio encher o saco da comunidade gay.

E aí entramos na seara da hipocrisia. Muitas vezes se aceita um homem feminino entre quatro paredes, quase como objeto sexual mesmo, mas desde que ele não “dê pinta” em público. Caso o faça, ele está relegado ao quarto, porque a ida ao cinema provavelmente vai ficar pra passivona masculinizada.

LEIA TAMBÉM:
Dando adeus aos estereótipos dos gays passivos e ativos

E, claro, há também aquela velha retórica do “ah, nada contra, mas eu não me atraio por homens femininos”. E eu posso falar isso com propriedade e lugar de fala, porque eu já fui um desses tóxicos.

Obviamente, como homem feminino que sou, já ouvi e presenciei muita coisa bizarra sob esse véu do machismo homofóbico enraizado entre os nossos e com o passar do tempo isso só me fez ter mais orgulho da minha feminilidade.

Ainda que os estereótipos estejam ficando um pouco para trás quanto se trata de passivos e ativos (aquela máxima de que os primeiros sempre serão delicados e femininos, de que os segundos serão masculinizados e viris), pouquíssimo se conquistou nesse quesito até aqui.

Mas eu criei uma nota de corte pra mim. O cara pode ser lindo, educado, interessante… mas replicou comportamento machista e homofóbico, pra mim já perdeu completamente a chance de rolar alguma coisa! Esse é o meu brochol e deveria ser para cada vez mais homens gays.

Quem sabe ao rechaçarmos comportamentos medíocres e retrógrados, isso faça os machos alfa gays adoradores da masculinidade se darem conta de que caso não mudem, não vai ter mais gente pra comer, pra quem dar, não vai ter troca-troca.

Abranja sua visão de mundo lendo outras análises:
Homofobia internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo

VISITE NOSSOS BLOGS E LEIA MAIS TEXTOS COMO ESTE