Às vezes a única coisa a se fazer é largar a mão ou normalizem ter ex-amigos

ex amigo ex amigos

Sim, tenho ex-amigos, e tá tudo bem. Só não existe ex-mãe e pai, de resto, vamos normalizar uma vida com um bando de ex

Por Willians Glauber

Tenho ex-amigo de infância. Ex-amigo de adolescência. Ex-amigo de adultescência. Ex-amigo de trabalho. Ex-amigo de bairro. Ex-melhor amigo… Pessoas diversas que foram ficando pelo caminho da Vida. Que cumpriram um propósito naquele momento. Que passaram, ensinaram, aprenderam, amaram, decepcionaram.

Tenho uma história um tanto agridoce com ex-amizades. Mas aqui vou focar em uma específica. Talvez porque foi a que mais em marcou. Me moldou. Me mudou. Tive amigos bastante próximos no ensino médio e que me acompanharam no início da minha vida adulta.

Em algum momento percebi que estar ali com eles já não estava mais fazendo sentido. Por motivos vários. Por motivo nenhum.

Eu me afastei. O grupo diminuiu. Mas não esvaneceu, houve quem tenha permanecido ali. Como amigos. Desde a adolescência. “Amigos de anos.” Dé décadas.

Eu fui. E anos depois, tentei voltar.

Retomei contato. Tentei, pelo menos. Ou achei que tivesse retomado? Daí me esforcei para reatar o laço então desfeito. Usei as linhas das novidades da vida adulta. Dos objetivos. Dei um nózinho apertado com elas. Mas o laço logo afrouxava com facilidade. Eu apertava de novo. Afrouxava.

Até que me dei conta de que o afrouxador de nós era na verdade a falta de reciprocidade. “Da próxima vez que forem se encontrar me chamem!” “Claro!” Eles se encontraram. Não me chamaram. Ok. Recado recebido: “pra quê chamar?”.

Apesar de o dito ser “claro, vamos nos ver mais; a gente precisa ser ver mais, hein; poxa vamos marcar alguma coisa”, o feito era só… isso… três pontinhos… eternos.

A verdade é que eu havia afrouxado um tipo de nó que não se refaz. Não reata. Não aperta. Apesar de serem pessoas que me conheceram, depois de tanto tempo já não me conhecem. Eu já não os conheço. Mudei. Mudaram. Mudamos.

Fiz as pazes com isso. Com eles. Comigo. Com essa amizade bonita, amorosa, genuína, divertida. Que ficou. Com o meu eu lá de trás, abraçadinha ao eu deles, os de lá.

Quando entendi que estava tudo bem, entendi que eu estava bem. E era tudo. Pelo menos tudo de que eu precisava.

Desde então normalizei ter ex-amigos, ex-grandes amigos. Cuja amizade jamais vai desbotar, porque ela continua colorida, vibrante, mas na memória. Revisito esses amigos vez ou outra, na memória. Nas fotos. Nas cenas que vêm com as lembranças.

A vida vai tomando  o rumo que ela precisa tomar. Tira quem precisa ir, coloca quem precisa ficar.

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