Um outro título possível para esse editorial poderia facilmente ser: Por que o entretenimento vai precisar da diversidade e da representatividade pra sobreviver?
Por Willians Glauber
Já está bem claro que o protagonismo das histórias de filmes, séries e livros está de direcionando para um caminho muito mais diverso, comprometido com a representatividade de diferentes perfis de pessoas.
Um grande exemplo é a diversificação dos elencos das obras audiovisuais. A Netflix, por exemplo, vem se esforçando para miscigenar diferentes etnias entre os atores principais de suas séries e filmes originais. Em um mesmo elenco é possível ter representantes orientais, negros, latinos, europeus.
Indo além, os personagens por sua vez ganham características tidas como mais interessantes, que ajudam a torná-los mais complexos e com um contexto mais rico.
Décadas atrás encontrar perfis assim era algo pouco constante nesses tipos de obras.
Homossexuais, idosos, não binários, gordos, bissexuais, orientais, assexuados, religiosos, deficientes físicos e mentais: a diversidade passa a ser o novo normal.
Tanto que, quando ela não existe ou é renegada aos papéis coadjuvantes da história, existe uma comoção para que haja maior representatividade.
ME VENDO NA TELA
Mas como chegamos a esse estado de demanda por histórias e personagens cada vez mais diversos?
Com a mundialização das obras audiovisuais, sendo lançadas em todos os países do planeta, cria-se a necessidade de que, pelo menos boa parte da audiência (que é extremamente diversa) se veja na história a que assiste. O que vale também para obras literárias.
Além disso, com personagens menos “comuns”, digamos assim, é possível enriquecer mais as características dos personagens, trazendo à tona problematizações mais complexas e abrangentes.
O que tem certa limitação quando se trata de um personagem branco, magro, heteronormativo, cuja família é igualmente tradicional heteronormativa.
Mais do que uma movimentação de afago à audiência, a diversidade e a representatividade acaba se tornando um novo meio de maior lucro da indústria do entretenimento.
EXEMPLOS PRÁTICOS
O maior resultado disso foi a arrecadação de US$ 1 bilhão com o filme Pantera Negra, cujo elenco tinha 99,9% de seus atores negros e cuja história bebia diretamente de fontes africanas.
O sucesso se refletiu nas decisões a longo prazo do Marvel Studios, responsável pela decisão de levar o filme do herói de Wakanda para a telona.
O próximo blockbuster do estúdio, Os Eternos, trará personagens de etnias diferentes, um dos protagonista homossexual e outra surda, que por sinal será a primeira heroína surda nos cinemas.
Tal mistura de elenco com alta capacidade de representatividade por parte da audiência vem se mostrando bastante eficiente na TV.
Séries como This is Us (NBC) How To Get Away With Murder (ABC), Sense8 (Netflix) e a mais recente Hunters (Amazon Prime Video) apostam em personagens diversos e conseguem garantir uma audiência tão diversa quanto e por consequência maior abrangência na hora de angariar fãs.
NORMALIZANDO O QUE AINDA ERA VISTO COMO ANORMAL
Esses mesmos fãs sentem o gosto do que é consumir histórias mais diversas e por consequência demandam cada vez mais tramas nas quais se vejam e sintam representados.
A equação formada por tramas mais complexas + histórias e personagens mais interessantes + um toque de aumento da renda, diante de uma maior abrangência de público, cria o cenário perfeito para se entender o porquê a diversidade e a representatividade se tornaram o novo normal dentro do entretenimento.
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