Enterre seus mortos é um livro visceral, que traz à tona sensações diversas, entre elas a revolta diante de um cenário um tanto cruel
Por Thales Eduardo
Enterre Seus Mortos é um livro de impacto, que traz em sua história um cenário cruel e revoltante. E é essa dura trama que praticamente arranca o leitor de qualquer possível zona de conforto.
“Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não Importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.”
Ainda que este não seja um livro com grandes reviravoltas e de narrativas eletrizantes, Ana Paula Maia conduz sua história com uma escrita impecável. Digo isso, pois fui realmente fisgado de uma forma poderosa durante toda a leitura desse livro.
Outro detalhe importante, foi a forma que a autora narra toda a jornada dos personagens, seus medos e anseios, e também do cenário que estão inseridos.
Foi tão grande a minha entrega, que durante as leituras eu era transportado para dentro da história. Eu sentia o ambiente e as emoções dos personagens.
Foi assim um livro que me entregou uma experiência diferente e marcante. Em suas críticas, percebia o quanto aquilo tudo, infelizmente, não limita-se às páginas de um livro. Que está ao nosso redor, muitas vezes em nós mesmos e na nossa indiferença para/com o outro.
Confira a sinopse de Enterre seus mortos
Uma habilidosa mescla de novela policial, faroeste de horror e romance filosófico, escrito por uma das vozes mais originais da literatura brasileira contemporânea.
Edgar Wilson é “um homem simples que executa tarefas”. Trabalha no órgão responsável por recolher animais mortos em estradas e levá-los para um depósito onde são triturados num grande moedor.
Seu colega de profissão, Tomás, é um ex-padre excomungado pela Igreja Católica que distribui extrema unção aos moribundos vítimas de acidentes fatais que cruzam seu caminho.
A rotina de Edgar Wilson, absurda em sua pacatez, é alterada quando ele se depara com o corpo de uma mulher enforcada dentro da mata.
Quando descobre que a polícia não possui recursos para recolhê-lo ― o rabecão está quebrado ―, o funcionário é incapaz de deixá-lo à mercê dos abutres e decide rebocar o cadáver clandestinamente até o depósito, onde o guarda num velho freezer, à espera de um policial que, quando chega, não pode resolver a situação.
Nos próximos dias, o improvisado esquife receberá ainda outro achado de Wilson, o lacônico herói deste desolador romance kafkiano: desta vez o corpo de um homem.
Habituados a conviver com a brutalidade, Edgar e Tomás não se abalam diante da morte, mas conhecem a fronteira, pela qual transitam diariamente, entre o bem e o mal, o homem e o animal.
Enquanto Tomás se empenha em salvar a alma, Edgar se preocupa com a carcaça daqueles que cruzam seu caminho. Por isso, os dois decidem dar um fim digno àqueles infelizes cadáveres.
Em sua tentativa de devolvê-los ao curso da normalidade, palavra fugidia no universo que Ana Paula Maia constrói magistralmente, os dois removedores de animais mortos conhecerão o insalubre destino de seus semelhantes.
Com uma linguagem seca, que mimetiza as estradas pelas quais o romance se desenrola, a autora faz brotar questões existenciais de difícil resolução.
O resultado é uma inusitada mescla de romance filosófico e faroeste que revela o poderoso projeto literário de Maia.
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