Marvel Studios começou inovando com um universo conectado repleto de heróis, uma fórmula de sucesso que começa a anunciar desgaste
Por Willians Glauber
Ah, as superproduções de super-heróis do Marvel Studios… Uma fórmula inicialmente inovadora, mas que com o tempo revelou ter um ponto de estagnação. Ou talvez seria de declínio mesmo?
Bilheterias cada vez menos rentáveis se comparadas aos primeiros grandes lançamentos do estúdio. Séries que com o passar do tempo são menos assistidas e mal avaliadas.
Quantidade excessiva de produções que, ainda que se esforcem para inovar, insistem em repetir uma fórmula. Dramas nos bastidores, como a saída de uma das cabeças criativas. Atores com contratos excessivamente longos e que já não se veem mais nos personagens.
A lista de poréns e ônus por trás do Marvel Studios só cresce nos últimos anos. Estaria Kevin Feige e companhia se vendo emparedados e obrigados a reformularem a fórmula Marvel de fazer produções de super heróis?
Sendo muito direto: SIM. Mas, a resposta é um pouquinho mais complexa do que um mero sim, então vamos refletir sobre.
Ainda que Bob Iger, manda-chuva do grupo Disney, seja um grande arrombado ao desmerecer a greve dos atores e roteiristas, em uma determinada declaração ele levantou um ponto interessante e é a partir dele que eu gostaria de conduzir nosso momentinho #reflexão.
Basicamente ele coloca a culpa do desgaste dos filmes do Marvel Studios nos cinemas nos ombros do que ele chamou de uma difusão da atenção do público.
O que significa que o interesse dos marvetes e dos fãs de heróis ficou tão espalhado entre tantos filmes e séries, que eles acabaram selecionando o que merecia atenção imediata.
E como consequência disso, eles acabam se organizando pra selecionar quais produções passariam merecer o suado dinheirinho gasto em um ingresso de cinema; quais delas poderiam muito bem ser vistas só quando fossem para o streaming.
Aliada a isso está uma constante e perceptível decadência da qualidade narrativa das histórias contadas pela Marvel no seu famigerado MCU.
Tendo esses dois principais pontos em vista, acrescentemos ao sorvetinho as últimas séries, lançadas pelo estúdio. A mais recente quando escrevo este texto é Invasão Secreta, a pior avaliada desde então e a que angariou o hype de… ninguém.
Muitas dessas séries poderiam facilmente terem sido um filme para TV, talvez uma minissérie, pois pouco ou nada acrescentaram a esse vasto universo conectado de heróis da Marvel.
Ao entender esses aspectos, vêm à tona algumas constatações. Entre elas está a de que talvez seja necessário dar alguns passos atrás…
E com isso colocar mais esforços e mais tempo para tornar as histórias mais atrativas, com histórias que realmente valham a pena serem consumidas e gerem mudanças significativas nesse universo que tanto amamos acompanhar.
Além disso, fica evidente que alguns heróis necessariamente precisam se manter como meros coadjuvantes mesmo.
Dessa forma, apenas aqueles heróis com um contexto superinteressante, rico, repleto de camadas, com um passado complexo e uma trajetória digna de se acompanhar ficam com o protagonismo. Seja nas séries, seja nos filmes.
O que leva para mais uma reclamação constante dos fãs do MCU: está muito claro o fato de que determinadas histórias só servem para apresentar personagens que não necessariamente causarão impacto no universo.
Por outro lado, heróis como Thor, que já não tem muito o que se fazer em relação à construção de personagem em si precisam só concluir a própria história e ir embora. Como foram os casos de Homem de Ferro, Capitão América e Viúva Negra, por exemplo.
Manter personagens nas histórias apenas porque eles têm apelo comercial ou para os fãs é um desserviço e um desrespeito ao legado criado pelo MCU.
Uma ocupação de espaço desnecessária, quando novos heróis e extremamente mais significativos para o desenvolvimento do MCU poderiam ganhar os holofotes.
Quando tudo isso é colocado sob perspectiva, a gente se dá conta de que a fórmula e o modo Marvel de contar histórias na TV e no cinema precisa passar por uma reestruturação. Urgente.
Se para ter histórias com mais qualidade narrativa, artística e visual o preço a pagar é termos pouquíssimos filmes e séries protagonizados por heróis para ver ao longo do ano, é um preço que estou disposto a pagar.
LEIA TAMBÉM: Guardiões da Galáxia 3, James Gunn e o melhor final que uma trilogia do Marvel Studios poderia ter