Ao todo são 10 romances escritos por Machado de Assis, além de uma série de crônicas, poemas e até peças de teatro. Hoje vamos conhecer todos os livros dele
Por Redação PodPOP
Machado de Assis é sem dúvidas um legado brasileiro, não só da Literatura, como da História. As obras de Machado de Assis são amplamente consideradas como algumas das mais importantes e influentes na literatura brasileira e mundial.
Sua escrita é caracterizada por uma complexa interação entre realismo e ironia, o que confere um caráter único a seus romances e contos.
TODOS OS TOMANCES DE MACHADO DE ASSIS EM
ORDEM CRONOLÓGICA DE LANÇAMENTO
Ressurreição
1872
“Este é um romance que marcará época na nossa literatura e será para Machado de Assim o começo de uma carreira triunfal”, escreveu Joaquim Serra, para um jornal de Porto Alegre (RS), em 1872.
Décadas mais tarde, um dos maiores biógrafos do autor: Jean – Michel Massa, professor emérito da Universidade de Rennes 2 (França), afirmou ” É indispensável conhecer as fases iniciais do escritor Carioca e não se concentrar de maneira de maneira excessiva e exclusiva em sua maturidade”.
Sem pretender um livro de costumes, o autor expõe neste seu primeiro romance o contraste entre duas personalidades, Lívia e Félix, este considerado por alguns estudiosos o rascunho de Bentinho, um dos personagens – chave da literatura nacional.
A Mão e a Luva
1874
O livro gira em torno de um namoro dentro dos mais rigorosos esquemas burgueses. Guiomar, a heroína, tem a sua volta três pretendentes – Estevão, sentimental, Jorge, calculista, Luís Alves, ambicioso. A estes três junta-se a baronesa, sob cuja proteção encontra-se a órfã Guiomar e a inglesa Mrs. Oswald, dama de companhia.
A história se desenrola de maneira agradável, interessante e até cômica. A crítica à sociedade e seus interesses, ainda mais fortes à época do que hoje, dão a tônica deste livro.
Apesar de a obra ser enquadrada na fase romântica do autor, em vez dos recursos clássicos do Romantismo enredos rocambolescos, plenos de coincidências, reviravoltas, surpresas e suspenses Machado prefere um texto contido, minimalista em termos de trama, de análise psicológica, e com uma elegância estilística que foi se aperfeiçoando até atingir seus píncaros na chamada fase realista. Apenas nas últimas linhas deslinda-se o título, escolhido de forma rigorosa pelo autor e que sintetiza o intuito da obra.
Helena
1876
O romance machadiano que conquistou as leitoras de folhetim e inspirou mais adaptações para telenovelas.
Quando um abastado patriarca carioca falece, o testamento surpreende a todos: seu último desejo é que a família acolha uma filha ilegítima que ele escondera de todos em vida. Helena se revela uma jovem gentil e encantadora, disposta a encarar o desafio de conquistar seu lugar entre a família, mas novos segredos podem ameaçar esse processo.
Publicado pela primeira vez em 1876, este livro mistura amores proibidos, dramas familiares e conflitos de classe, e foi uma das obras mais adaptadas para telenovelas na história do país.
A partir das relações entre a protagonista e cada membro da família – uma tia desconfiada, um irmão curvado sob o fardo de ser o novo chefe da família e um padre muito disposto a aconselhar a todos –, Machado de Assis constrói uma trama que já revela as sarcásticas críticas sociais que o consagraram.
Iaiá Garcia
1878
Considerado pela crítica como a melhor obra da chamada “fase romântica machadiana”, Iaiá Garcia foi o quarto dos noves romances publicados pelo autor.
O enredo conta a história de Estela, uma das mais belas e éticas protagonistas machadianas, subjugada pela maior vilã das histórias de Machado, Valéria Gomes.
Essa tem como dama de companhia Estela, que por sua vez, após se apaixonar por Jorge, filho de Valéria, vê-se afastada de sua paixão. Iaiá Garcia é uma história de enredo envolvente e possui muitas reviravoltas, com apelos sentimentais, mostrando o que o amor ou o orgulho são capazes de fazer diante dos valores individuais.
Memórias Póstumas de Brás Cubas
1881
Publicado em 1881, primeiro como folhetim, Memórias póstumas de Brás Cubas surpreendeu os leitores e a crítica de seu tempo com as lembranças fragmentárias de um improvável narrador defunto que, depois de morto, decide celebrar o grande fracasso que foi a sua vida.
Subvertendo as convenções da época com uma prosa que incorpora de maneira genial os mais diversos estilos, mesclando erudição, delírios e sonhos, fina ironia e “piscadelas” bem-humoradas ao leitor, Machado de Assis escreveu um marco definitivo na produção literária brasileira e, possivelmente, o nosso romance mais importante e conhecido.
A edição Clássicos Zahar traz textos adicionais de Flora Thomson-DeVeaux, pesquisadora da obra de Machado e tradutora do livro ao inglês, e de Geovani Martins, uma das vozes mais potentes da nova geração da literatura brasileira, que dão ao leitor uma perspectiva contemporânea do clássico.
Casa Velha
1885
Casa Velha’ narra a história de um amor incestuoso a partir das lembranças de um padre, que faz um balanço das perdas e ganhos dessa paixão. Por meio dessa obra, Machado de Assis sugere haver um paralelo entre as esferas públicas e privadas da vida e mostra como um drama familiar pode ser um retrato do Brasil do século XIX.
Casa Velha é o único romance de Machado de Assis que não foi publicado em forma de livro enquanto o autor estava vivo. Editado como folhetim pela revista A Estação entre 1885 e 1886, resgata traços da primeira fase literária do autor.
Entremeada por temas dos primeiros romances de Machado, a obra trata principalmente da ascensão social por meio do casamento. Narrado por um padre que investiga documentos sobre o Primeiro Reinado na residência de um falecido ministro, o livro se debruça sobre a fortuita paixão entre o herdeiro Félix e a agregada da casa, Lalau.
Esquecida por anos, a história acabou redescoberta por críticos e pesquisadores da obra de Machado de Assis e finalmente ganhou sua merecida edição em 1943.
Quincas Borba
1891
Publicado em 1881, Quincas Borba é o romance machadiano que melhor expõe os dilemas de personagens em uma sociedade de interesses em transição do século XIX para o XX.
Ao narrar a transformação da pacata vida de Rubião em um herdeiro-capitalista que atrai os mais diversos tipos de interesseiros, encontrando no caminho o amor e a loucura, Machado constrói uma história na qual o leitor contemporâneo reconhece personas que perduram na sociedade brasileira até hoje.
Dom Casmurro
1899
Prometido para o seminário desde o nascimento, o jovem carioca Bentinho precisa encontrar um jeito de fugir da vida na Igreja e realizar seu verdadeiro sonho: casar-se com a vizinha Capitu.
Uma história de paixão, obsessão e ciúme se desenrola, em uma narrativa cheia de reviravoltas, que aos poucos constrói um retrato da sociedade brasileira. Com este romance publicado em 1899, o maior nome da literatura nacional, Machado de Assis, torna-se também parte do cânone mundial.
Dom Casmurro traz contundentes reflexões sobre o Brasil de sua época, ainda muito relevantes para os dias atuais, e faz isso com a narrativa repleta de ironia que é uma marca do autor.
NÃO DEIXE DE VER:
Dom Casmurro de Machado de Assis, um dossiê:
resumo, fichamento, análise crítica
Esaú e Jacó
1904
O romance Esaú e Jacó é marcado pelo tom sarcástico e, ao mesmo tempo, pelo cinismo do Conselheiro Marcondes Aires, que testemunha os percalços enfrentados por Natividade, a mãe de Pedro e Paulo: gêmeos, bem-sucedidos e inimigos.
Ao longo da história, pontuada por episódios os mais divertidos, percebe-se a maestria do escritor em revelar o comportamento de determinados tipos sociais na Corte, no final do século XIX.
O romance tem sido objeto crescente de estudos por parte da crítica machadiana, que deve alçá-lo ao merecido lugar de destaque em nossa literatura realista. Marcado por uma série de intrigas, eis um dos livros mais enigmáticos de Machado de Assis, denso e crítico a um só tempo.
Memorial de Aires
1908
Último romance escrito por Machado de Assis, Memorial de Aires foi publicado em 1908, ano da morte do autor. Intimista e atento aos detalhes do cotidiano, conta múltiplas histórias de personagens diversos em idade e classe social, constituindo um caleidoscópio que se modifica a cada leitura.
Composta em forma de diário, a obra abarca os anos de 1888 e 1889 ― absolutamente centrais para a história do Brasil ― da vida do diplomata aposentado José da Costa Marcondes Aires e de seu círculo de relações.
Aqui, o conselheiro Aires, personagem que já aparecera em Esaú e Jacó, compartilha com o autor a condição de viuvez. Ao tratar da velhice e da solidão, Machado de Assis constrói um livro que, apesar de parecer discreto, tem fundo irremediavelmente complexo e ambíguo e dá testemunho da violência presente na realidade social brasileira.