Emilia Perez e polêmicas evitáveis: o filme indicado a 13 prêmios Oscar encomendou a crise

Emilia Perez entra para a História como o filme de língua não inglesa mais indicado do Oscar até aqui e também para a lista de longas mais controversos

Por Willians Glauber

Antes de mais nada, vamos dar uma resumida bem rápida nas polêmicas envolvendo o filme Emilia Perez. Sim, o “queridinho” indicado em nada menos do que 13 categorias no Oscar 2025.

Imagine o seguinte cenário: um diretor francês decide fazer um filme sobre o mortífero cartel mexicano, contrata uma atriz espanhola para ser a protagonista, coloca como as duas coadjuvantes mais importantes da trama duas atrizes americanas hollywoodianas (ainda que descendentes de latinos) e nem mesmo se dá ao trabalho de estudar a cultura que se propôs a retratar. E essa última pérola saiu da boca do próprio diretor, ok?

A cereja do bolo surge com as informações de que o longa foi rodado inteirinho em Paris e na pós-produção se utilizou de inteligência artificial para melhorar o sotaque das atrizes.

Pois é, Emilia Perez está recheado de controversas. Mas quando se olha de uma maneira bastante racional, todo esse bafafá poderia ter sido facilmente evitado com duas decisões criativas simples (e que exigiriam bastante humildade por parte do diretor):

“Ai, mas eu quero muito fazer um filme sobre o cartel mexicano.”
Perfeito. Então você vai contratar roteiristas mexicanos, estudiosos acadêmicos mexicanos que acompanham os cartéis há anos; vai se debruçar sobre toda e qualquer informação; vai abrir uma audição no México, colocar atores mexicanos para retratar os personagens e vai se manter respeitoso ao que pretende retratar. Pronto, simples.

As atrizes Karla Sofía Gascón, Selena Gomez e Zoe Saldaña respectivamente em cenas de Emilia Perez

Os milhões investidos nos cachês de Selena Gomez e Zoe Sandaña facilmente pagariam os custos de uma pré-produção minuciosa, detalhista e rica.

“Nossa, muito trabalho. Mas eu quero manter a história sobre um chefão de cartel que se descobre como mulher e decide fazer a transição. E quero contratar as atrizes que eu bem entender.”
Maravilha, então você insere a sua história em um país fictício, em uma cidade fictícia e só segue seu roteiro. SIMPLES ASSIM.

Mas não, o diretor Jacques Audiard se acha o pica das galáxias, o supremo do Audiovisual, o gênio do Cinema e preferiu a polêmica ao trabalho feito da forma mais ética e coerente possível. Deu no que deu. Bem-feito.

Assista à análise do Ciro Hamen, é ótima!

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