Hollywood (Netflix): os altos e baixos da nova minissérie cocriada por Ryan Murphy | PodPOP em TEXTO #81

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Hollywood é a mais nova minissérie cocriada por Ryan Murphy, mente por trás dos sucessos Glee, American Horror Story, American Crime Story e Nip Tuck. Na história, descobrimos o que poderia acontecer se estúdios hollywoodianos se abrissem à diversidade desde a década de 1940

Por Willians Glauber

Primeiramente: fique tranquilx, este texto NÃO CONTÉM SPOILERS! Então, vamos lá. 

A aguardadíssima minissérie Hollywood, original Netflix criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, estreou e não decepcionou.

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que o espectador tem que embarcar na série com olhos fantasiosos.

Com uma vontade de saber como poderia ter sido  a indústria hollywoodiana se houvesse alguém capaz de transformar o cenário competitivo e cruel, preconceituoso e segregador, em uma atmosfera mais acolhedora e empática.

Dito isso, embora haja diversos personagens baseados em atores da vida real, desprenda-se da realidade, permita-se entrar em um mundo que vai virar a mesa no que diz respeito aos padrões hollywoodianos perpetuados por décadas.

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Bem-vindx a Hollywood
Com personagens interessantes e um roteiro redondinho, ainda que com problemas sobre os quais vou tratar ali embaixo, a trama consegue levar o espectador a uma Hollywood dos sonhos.

E nela, negros, homossexuais e talentos mais velhos passam a ganhar voz e vez, recebem oportunidade real de protagonismo à frente e por trás das câmeras, o que vai estabelecer um grande catalisador de mudanças bruscas na indústria.

A intenção da minissérie é mostrar como as coisas poderiam ter sido diferentes se, lá atrás, em plena década de 1940, no pós guerra, pelo menos um dos grandes estúdios estivessem abertos a dar holofotes para rostos e palcos para vozes que representassem mais diversidade.

Mais diversidade e representatividade, por favor
E apostar em representatividade,  mais protagonismo a negros, mulheres, homossexuais e pessoas mais velhas, numa indústria que dita o comportamento da audiência, poderia sim ter mudado para sempre o modo como se faz e se consome cinema hoje.

A minissérie Hollywood enfatiza essa importância e cria uma indústria cinematográfica utópica.

Nela, um dos maiores estúdios de Los Angeles acaba sendo chefiado por uma mulher judia, verdadeiramente disposta a enfrentar toda e qualquer opressão a fim de dar oportunidades a pessoas que até então estavam à margem.

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Nesse cenário otimista e corajoso, um roteirista negro e assumidamente gay emplaca seu primeiro roteiro.

E essa história criada por ele talvez seja melhor contada se protagonizada por uma mulher negra, derrubando os principais preconceitos enraizados não só na indústria cinematográfica, como na sociedade.

Como o objetivo da trama da minissérie é oferecer ao espectador um final feliz, somos presenteados com um desfecho otimista e inspirador.

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OS PONTOS ALTOS
Se tem algo que nunca, nunca mesmo, decepciona os espectadores das séries capitaneadas por Ryan Murphy e sua equipe é o cuidado com a atmosfera da produção. 

A direção de arte, a fotografia, todo o figurino, cabelo e maquiagem, cenografia, tudo é perceptivelmente pensado nos detalhes, com um esmero que poucas produções têm a chance de atingir. Muito, claro, por conta da falta de orçamento para tanto.

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Um dos pontos a favor das séries e minisséries coproduzidas por Murphy é a credibilidade que o nome dele dá à obra, tornando esse investimento pesado algo possível e mais confiável.

Visto que as produções dele sempre ficam no radar de críticos e público, garantindo minimamente buzz, até boas indicações nas principais premiações do audiovisual. 

E tendo à disposição um universo ficcional criado com tanta meticulosidade, fica muito mais fácil nos vermos inseridos nessa era de ouro hollywoodiana.

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As atrizes veteranas
E todo o glamour de Hollywood cai direto no colo das atrizes veteranas, que ganham destaque na trama, desempenhando papéis essenciais para que a história seja direcionada para o melhor e mais inspirador desfecho possível.

Ter a chance de ver Patti LuPone e Holland Taylor contracenarem, dando voz a cenas e mensagens inspiradoras é um dos grandes deleites ao assistir à minissérie.

O comprometimento de Murphy em colocar os holofotes sobre atrizes da velha guarda é algo que sempre saltou aos olhos do público e da crítica.

O otimismo da história
Fugindo das desgraças que na maioria das vezes permeiam as produções de Murphy e companhia, a gente como audiência é inserido em uma história que traz muito mais luz do que trevas. 

Acompanhar a trajetória dos personagens, que até então tinham como palco surrado apenas as margens da sociedade, se torna bastante satisfatório para quem sente falta de uma dramaturgia na qual a representatividade esteja atrelada a tons inspiradores.  

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OS PONTOS BAIXOS
Mas como nada é perfeito… Entre os pontos mais baixos da minissérie está o não desenvolvimento dos protagonistas Raymond e Camille, respectivamente interpretados por Darren Criss e Laura Harrier. O que acaba resultando em interpretações fracas.

Ainda que Criss consiga entregar uma performance mais afiada do que a de Laura, ambos são personagens insossos, rasos, sem backgrounds que despertem empatia ou preocupação com a trajetória deles na história.

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Laura, inclusive, entrega um trabalho muito aquém do que a protagonista pedia, o que acaba muitas vezes nem sendo tanto culpa dela ou do diretor de cada episódios, mas sim da falta de contexto da personagem. Culpa que deve ser creditada aos roteiristas. 

Não sabemos de onde ela vem, o que ela precisou fazer para ser contratada por um dos maiores estúdios de Hollywood mesmo sendo negra.

Quais as dificuldades enfrentadas por ela? Como ela aprimorou tanto a arte da atuação? É realmente puro talento? Nada disso nos é respondido. 

Alguns personagens rasos e sem contexto
Com essa superficialidade de contextualização de alguns personagens, acabamos não vibrando tanto quanto deveríamos quando eles são colocados em desfechos incrivelmente recompensadores.

As pequenas e grandes conquistas deles acabam não importando tanto assim, porque tivemos pouquíssimo ou quase nenhum contato com os motivos e acontecimentos que levaram eles até ali.

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E em diversos momentos é visível essa abordagem rasa no que diz respeito ao enredo de alguns desses personagens.

Inúmeras informações importantes sobre a vida deles são entregues em diálogos expositivos, claramente usados como muleta para preencher melhor o contexto não mostrado.

Erro de amadores
Um dos grandes erros da minissérie, algo que Ryan Murphy e sua trupe cometem repetida e burramente, é oferecer tempo de tela e contexto excessivo para personagens que não são tão importantes assim para o desenvolvimento da trama.

Deixando pouco tempo para contextualizar as pessoas cujo passado é essencial para entendermos as motivações, as dores e o peso das conquistas delas.

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Me mostre!
Outro ponto que se conecta a esse problema de roteiro é o fato de muitos acontecimentos, que têm interferências fortes na trama, acabam acontecendo fora das câmeras.

O espectador perde a oportunidade de acompanhar certas trajetórias e elas se tornam primordiais para uma conexão maior com o que acontece com determinados personagens.

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Quem se importa?
Isso porque, para que uma história ganhe mais peso aos olhos da audiência, é primordial que nós nos preocupemos, nos importemos e torçamos pelos protagonistas e coadjuvantes.

Mas para tal, precisamos receber razões pra entrar nessa torcida! E infelizmente para certos personagens não temos. Na verdade para a maioria deles

Talvez o impacto do final feliz entregue pela minissérie pudesse ter sido muito mais recompensador e celebrado, se tivéssemos tido acesso a momentos-chave da vida desses personagens.

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BASTIDORES
Hollywood é segunda produção cocriada por Ryan Murphy a ir ao ar pela Netflix.

No elenco repleto de estrelas e rostos novos da minissérie estão David Corenswet, como Jack Castello; Darren Criss, como Raymond Ainsley; Laura Harrier, como Camille Washington; Joe Mantello, como Dick Samuels; Dylan McDermott, como Ernie West; Jake Picking, como Rock Hudson; Jeremy Pope, como Archie Coleman; Holland Taylor, como Ellen Kincaid; Samara Weaving, como Claire Wood;  Jim Parsons, como Henry Willson; Patti LuPone, como Avis Amberg.

O roteirista, diretor e showrunner, cujas ideias ajudaram a dar vida a sucessos como Nip Tuck, Glee, American Horror Story e American Crime Story, está no auge de seu poder criativo, tendo inúmeras produções já encomendadas pela gigante dos streamings.

O contrato milionário e de vários anos dele e sua equipe ainda vai render muitas histórias.

Leia também:
Ryan Murphy e o status de suas produções para a Netflix

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