Globoplay e Disney Plus. Fala sério, vai, por essa você não esperava MESMO. Abalando todas as estruturas do mercado audiovisual brasileiro, o anúncio precisa ser analisado sob uma certa perspectiva mais ampla
Por Willians Glauber
Essa, nem o analista mais ousado teria conseguido acertar: Disney Plus chega no Brasil com os dois pés na porta e na dianteira da estreia no país já anuncia parceria monstruosa!
A notícia de que o Globoplay vai passar a oferecer a opção de combo entre as opções de assinatura pegou o mercado e os consumidores de surpresa!
Bom, na prática significa que assinantes atuais e futuros do serviço de streaming da Globo terão a opção de, a partir de 17 de novembro quando o Disney+ finalmente pousa nas terras tupiniquins, garantir acesso a ambos os catálogos em uma tacada só.
A movimentação definitivamente abalou as estruturas do mercado audiovisual brasileiro e muito provavelmente deixou a Netflix Brasil com certo receio. Ainda que, é de se esperar, venham piadas feitas pela própria gigante dos streamings quanto a essa “ameaça” iminente.
UM LEVE CONTEXTO, PRA COMEÇARMOS OS TRABALHOS
Não é exagero trazer à tona essa estrutura abalada porque já se sabe que o Globoplay ultrapassou a Netflix em números de assinantes no Brasil.
De acordo com pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com Research and Markets e Conviva, o serviço de streaming do Grupo Globo abocanha cerca de 20 milhões de usuários únicos, ante os aproximados 17 milhões da Netflix.
A Amazon Prime Video chega em terceiro lugar nesse pódio, exibindo o expressivo número de 10 milhões de assinantes.
A cartada da Disney ao apertar as mãos da Globo vem respaldada por um crescimento de 146% do Globoplay só em 2020 quanto a novos assinantes.
Já nas receitas, o aumento foi de nada menos do que 173%. Ambos os números foram divulgados em um comunicado interno da Globo, acessado pelo site NaTelinha.
E a fome do Disney+ por hegemonia de mercado está sendo saciada aos poucos desde a estreia do serviço em novembro de 2019 nos EUA.
Analistas, inclusive, afirmam que a primeira batalha da guerra dos streamings já está ganha pelo Disney Plus. Em agosto, o serviço de streaming afirmou que ultrapassou os 60 milhões de assinantes só no país de origem.
A previsão da Disney era de que teria entre 60 e 90 milhões de assinantes até 2024!
A comparação precisa ser feita com a Netflix, já que ela conquista 193 milhões de assinantes no mercado e está na labuta desde 1997.
MAS, AFINAL, ELES NÃO SÃO CONCORRENTES?
Sim. E não. Apesar de ambos serem serviços de streaming, a diferença do perfil das produções disponibilizadas nos catálogos tanto do Globoplay quanto do Disney+ são gritantes.
Ainda que o streaming global tenha dezenas de séries estrangeiras, elas têm, em sua maioria, um caráter mais novelesco, característica dramatúrgica essa à qual o público de Globo está mais do acostumado.
Mesmo que produções mais pop e comerciais, como a recém-adquirida série musical Zoey e sua Fantástica Playlist, a já queridinha do público The Good Doctor e a clássica Grey’s Anatomy, todas essas carregam tramas de folhetim na essência da história. Uma maré contra a qual o Disney+ nada fortemente.
Sim, há movimentações como a série original Desalma, um drama sobrenatural, a elogiadíssima Aruanas e o spin-off As Five, de Maralhação, só que esses são apenas gestos que acenam às gerações mais novas. Mas não têm ambições de transformar por completo o público folhetinesco do streaming.
Além, claro, de o catálogo do Globoplay ser majoritariamente de produções nacionais e ter como alvo um público que muitas vezes está interessado na programação do canal aberto (e agora também dos canais fechados) que não conseguem acompanhar na TV.
QUAL O IMPACTO DESSA MOVIMENTAÇÃO PARA O MERCADO E PARA OS CONSUMIDORES DE ENTRETENIMENTO?
Bom, ainda que a Disney tenha acordado esse combão com a Globo em prol de um lançamento grandioso, a iniciativa não exime o Disney+ da obrigação de produzir séries, filmes, documentários e programas originais brasileiros.
Uma corrida na qual a Netflix está dezenas de quilômetros à frente. Contudo, é preciso levar em consideração o impacto no bolso do brasileiro, que se prepara para entrar em uma nova recessão.
É possível que hajam baixas entre os assinantes da Netflix que chegarem à conclusão de que se manter com os R$ 9,90 do Amazon Prime Video e ter ali um gasto de R$ 19,90 com Disney+ (levando em consideração o preço promocional da assinatura anual) seja mais vantajoso. O que significaria dispensar a mensalidade da gigante.
É até engraçado citarmos a Netflix como gigante no Brasil, uma vez que, na prática, a mais nova gigante do mercado, em números de assinantes, é na verdade o Globoplay.
Seja como for, o maior impacto entre os consumidores de entretenimento é o valor em si mesmo. Porque há a quem não se importe com as produções originais do Marvel Studios no Disney+, por exemplo, um dos grandes chamarizes do serviço.
Da mesma maneira, como há aqueles que trocariam fácil os originais Netflix por diversas produções originais Pixar, Star Wars e da própria Marvel que a Disney acrescentará no catálogo do setreaming ao longo dos próximos anos.
Quanto ao impacto disso no mercado brasileiro de audiovisual é muito provável que seja exatamente o que haveria se nenhuma parceria fosse anunciada.
As produtoras continuam com um cenário aquecido diante de si, afinal, agora teremos Netflix, Amazon Prime Video e Disney+ sendo obrigadas a financiarem produções 100% nacionais, a fim de se manterem no mercado brasileiro.
Uma movimentação que também vai resvalar em streamings menores que possam a ancorar por aqui, como é o caso do STARZPLAY.
OK, MAS JÁ PODEMOS FALAR DE VALORES?
Claro! Inclusive, o Globoplay já fez deixou tudo no esquema para não restar dúvidas:
LEIA TAMBÉM:
Disney+ no Brasil: o que a chegada do novo streaming pode significar para a guerra brasileira dos streamings
Disney e os milhões de assinantes: o crescimento veloz dos streamings da gigante
Mais streamings, por favor! Por que a variedade é ótima para todos os envolvidos?
Toda semana tem textos e vídeos novos.
Mande um e-mail pra gente:
contato@podpop.com.br